Líderes empresariais brasileiros foram a Kazan, na Rússia, para participar da 16ª Cúpula dos Brics e dos Fóruns empresariais, como o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) e a Alianca Empresarial de Mulheres do Brics (WBA). Na bagagem, nove recomendações, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria:
Promover a segurança alimentar nos países do grupo, por meio da adoção de práticas de agricultura inteligente climática e ambiental; Facilitar e promover o comércio agrícola entre os países do Brics, por meio do reconhecimento mútuo de padrões sanitários, veterinários e fitossanitários; Construir parcerias em tecnologias agrícolas inovadoras para a adoção de práticas de conservação de água e de aumento de produtividade; Desenvolver a infraestrutura de telecomunicação entre os países do Brics, por meio da implantação de rede de cabos submarinos; Avaliar a viabilidade de um fundo de financiamento no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) para pequenas e médias empresas (PMEs); Avaliar a viabilidade de implementar o Brics Pay, projeto para estabelecer um sistema de pagamento internacional do Brics; Promover a troca de experiências regulatórias no campo de tecnologia digital e criar código de ética para o uso de inteligência artificial; Desenvolver em conjunto um atlas de habilidades profissionais para o setor energético do Brics, para endereçar as lacunas nas competências necessárias para novas vagas com foco na transição energética; Avaliar a viabilidade de criar fundo de financiamento no NDB para energia limpa (Brics Clear Energy Fund).
A presidência do Brics será do Brasil a partir de 1 de janeiro de 2025, a partir de um acordo que prevê rodízio entre os membros do bloco. E a expectativa dos empresários brasileiros é que essa condição poderá “impulsionar as agendas de cooperação, com foco em prioridades nacionais como o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e a inovação tecnológica. À frente das discussões, será possível apresentar pautas de interesse do setor privado brasileiro, especialmente considerando o lançamento de políticas e programas relevantes para o setor produtivo, como o Novo PAC e o Nova Indústria Brasil (NIB)”, segundo nota da CNI.
A CNI divulgou dados, apurados no ComexStat (Sistema oficial para extração das estatísticas do comércio exterior brasileiro de bens é órgão do MDIC), que o comércio entre o Brasil e os países do Brics alcançou US$ 198 bilhões.
O Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) foi criado em 2013, durante a 5ª Cúpula do Brics, reunindo membros dos cinco países – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) exerce a secretaria executiva do conselho. O objetivo do mecanismo é indicar aos governos temas para a melhoria do ambiente de negócios e fomentar a cooperação empresarial. Participam ainda, a Câmara de Comércio e Indústria da Rússia (CCI) Global Rus Trade, a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI), o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), e o Conselho Empresarial da África do Sul.
A estrutura do Cebrics é composta por cinco seções nacionais (podendo chegar a 11 com a expansão de países), cinco membros, sendo um presidente, número ilimitado de membros em nove grupos de trabalho. Às margens do Cebrics é realizado o Fórum Empresarial do Brics, evento para toda a comunidade empresarial. Com a ampliação dos membros do Brics, essa estrutura será alterada.
O Brasil tem participado ativamente das reuniões do Brics. Na 8ª Reunião de Ministros da Indústria do Brics, em Nizhniy Novgorod, na Rússia, em 16 de agosto de 2024, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, representando o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, enfatizou a necessidade de se buscar novos arranjos de integração produtiva que permitam maior resiliência nas cadeias de suprimentos. Para ele, a Indústria 4.0 deve ser um fator de inclusão tecnológica e de promoção da sustentabilidade ambiental e social.
“No momento em que nos preparamos para a inserção de novas tecnologias e de inovações que irão revolucionar os processos produtivos, muitos países tendem a ficar excluídos das cadeias de suprimentos, aprofundando as suas vulnerabilidades e dependências. Por isso, sobretudo neste foro, assim como no G20, o Brasil quer debater a celebração de novos arranjos de integração produtiva e a integração da indústria, com a facilitação de investimentos bilaterais e o comércio recíproco”, ressaltou Márcio Rosa.
Vários outros encontros marcaram a integração dos países: em 7 de junho de 2024, o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, liderou comitiva de ministros que participou de fórum empresarial e da VII Sessão Plenária da Cosban na capital chinesa.
Participaram do encontro anual dos Ministérios da Indústria do Brics representantes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Juntos, os países do bloco representam cerca de 45% da população mundial e respondem por quase um terço do PIB mundial.