O dólar passou nesta terça-feira pela quinta sessão consecutiva de queda ante o real, retornando para abaixo dos R$ 5,50, em meio à expectativa de que o Brasil atraia mais recursos financeiros com a combinação entre alta de juros no país e corte de taxas nos EUA.
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O dólar à vista fechou em baixa de 0,45%, cotado a R$ 5,4865. Nos últimos cinco dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,98%. Veja cotações.
Às 17h23, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,33%, a 5,4955 reais na venda.
O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, abaixo dos 135 mil pontos, com as blue chips Vale, Itaú e Petrobras entre as maiores pressões negativas, enquanto Azul voltou a disparar com expectativas relacionadas a negociações com credores.
O pregão fechou com agentes financeiros na expectativa pela decisão de política monetária do banco central norte-americano na quarta-feira, com as apostas precificando um corte nos juros, mas sem consenso sobre a magnitude dele.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,12%, a 134.960,19 pontos, tendo marcado 134.180,34 pontos na mínima e 135.118,07 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava R$ 14,85 bilhões.
O dólar no dia
A terça-feira foi marcada pela expectativa antes das decisões do Banco Central e do Federal Reserve sobre juros, ambas na quarta-feira. Em meio à cautela dos investidores, o dólar oscilou em margens estreitas no Brasil, ora acompanhando a alta no exterior, ora reagindo à perspectiva de que o diferencial de juros do país vai aumentar.
“Todo mundo está em compasso de espera pela decisão do Fed e do Copom (Comitê de Política Monetária do BC). Às vezes o dólar acompanha o exterior e sobe, às vezes trabalha com a possibilidade de corte de 50 pontos-base de juros nos EUA, com alta de 25 pontos-base da Selic aqui”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
No fim da manhã, o dólar à vista ensaiou acompanhar o avanço visto no exterior, na esteira da divulgação de dados fortes sobre a economia norte-americana.
As vendas no varejo dos EUA aumentaram 0,1% em agosto, resultado melhor que a queda de 0,2% projetada por economistas, enquanto a produção manufatureira subiu 0,9% no mês passado, acima do 0,3% projetado.
Neste contexto, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,5169 reais (+0,11%) às 11h44.
Durante a tarde, porém, pesou sobre as cotações a possibilidade de o Fed cortar os juros em 50 pontos-base na quarta-feira, e não apenas em 25 pontos-base, somada à expectativa de que o Copom suba a Selic em pelo menos 25 pontos-base.
Com isso, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,4783 reais (-0,60%) às 15h58, para depois encerrar pouco acima deste valor.
Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que um corte de 50 pontos-base pelo Fed não está totalmente precificado nos ativos brasileiros e, por isso, abriria espaço para o dólar seguir em queda ante o real.
“Um corte de 50 pontos ensejaria um ajuste mais forte no câmbio, porque ele não está 100% precificado. Se vier corte mais forte, há espaço para o dólar cair mais amanhã (quarta) e na quinta-feira”, comentou Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
No exterior, às 17h22, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,27%, a 100,970.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.
O dia do Ibovespa
O Federal Reserve anunciará sua decisão às 15h (horário de Brasília), com o comunicado acompanhado de projeções econômicas, enquanto o chair da instituição, Jerome Powell, fala às 15h30.
“O mercado está dividido”, afirmou o chefe da área de ações da AZ Quest, Welliam Wang, acrescentando que há argumentos tanto para um corte de 0,50 ponto como para uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%.
Para ele, há uma expectativa para a taxa, mas a reação do mercado também dependerá muito da mensagem que o comunicado e Powell passarem. “Mas só o fato de ele começar um ciclo de afrouxamento monetário já tende a ser positivo para os ativos.”
Em paralelo, o Banco Central no Brasil também divulga decisão para a Selic na quarta-feira, mas após o fechamento do mercado, com as apostas neste caso prevalecendo para uma alta de 0,25 ponto percentual, sobre os atuais 10,50%.
“Amanhã, nós teremos um dos dias mais importantes do ano”, reforçou o advisor e sócio da Blue3 Willian Queiroz.
No caso do Brasil, ele observou que a expectativa de alta da Selic é majoritária, um consenso, mas há discordâncias, com esta parcela argumentando que o tempo de observação dos efeitos da política monetária atual na economia pode ter sido curto.
DESTAQUES
– VALE ON cedeu 0,48%, em mais um pregão sem a referência dos preços do minério de ferro na China por feriado naquele país. Na véspera, o Goldman Sachs cortou previsão para os preços da commodity. CSN MINERAÇÃO ON caiu 2,82%.
– PETROBRAS PN fechou em baixa de 0,46%, descolada da alta do petróleo no exterior, devolvendo um pouco do avanço de mais de 1% na véspera.
– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,24%, com o setor de modo geral no vermelho. A exceção entre os bancos do Ibovespa foi SANTANDER BRASIL UNIT, que avançou 0,1%.
– AZUL PN saltou 13,84%, ampliando os ganhos em meio a expectativas relacionadas a um acordo em breve envolvendo dívidas da companhia com arrendadores de aviões.
– BRASKEM PN recuou 1,87%, tendo no radar relatório de analistas do Bank of America destacando que os spreads no setor continuam abaixo da média histórica de cinco anos em meio a uma demanda fraca e taxas operacionais baixas.