Ao mesmo tempo que o número de exportações de produtos brasileiros foi recorde, este ano, para o período entre janeiro e agosto, a radiografia do comércio exterior brasileiro, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mostrou que menos de 1% das empresas nacionais exportam. Ao CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quarta-feira (13/9), a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, explicou que o objetivo do ministério é estender esse momento positivo e oportuno a um número maior de pequenas empresas que estejam preparadas para ingressar no comércio exterior, ampliando a base exportadora do Brasil pela Política Nacional da Cultura Exportadora (PNCE).
Essa política visa fazer com que mais produtores brasileiros possam desfrutar dos benefícios de se realizar comércio exterior. Segundo a secretária, o estudo realizado pelo MDIC indicou que empresas que realizam exportações oferecem melhores remunerações a seus colaboradores se comparadas às que não exportam, além de serem mais produtivas e longevas.
“O objetivo é levar o comércio exterior Brasil adentro, ou seja, fazer com que mais comunidades do Brasil se beneficiem de mercados externos e das oportunidades associadas a vender para outros países. Nós identificamos que as empresas que exportam remuneram melhor os seus empregados, em comparação com aquelas que não exportam, elas são mais inovadoras, são mais produtivas e mais longevas, elas resistem a maiores dificuldades. Portanto, levar cultura exportadora Brasil adentro nos mobiliza”, afirmou.
Reconhecido como um dos alvos prioritários de investimentos dentro do Novo PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento), o Portal Único de Comércio Exterior foi citado por Prazeres como o principal meio de acesso para as empresas que desejam adentrar o comércio exterior. Ela explicou que o portal, sendo o ponto de contato entre essas empresas e os órgãos do governo, age para simplificar e desburocratizar o comércio exterior.
“O portal único de comércio exterior é essa interface única entre o exportador importador e os diferentes órgãos de governo que podem atuar na exportação ou na importação. Em função da digitalização, ele permite ganhos muito significativos para quem opera no comércio exterior O ministro do desenvolvimento e vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem muito apreço por essa agenda da desburocratização e facilitação de comércio", detalhou.
"Então, em função do portal nós conseguimos lançar, por exemplo, o que nós chamamos de Licença Flex. (...) A ideia é fazer com que haja um canal exclusivo para o diálogo, para a interface, para as autorizações com o governo federal. Isso permite uma redução de custos enorme. (...) O portal único é realmente revolucionário em termos de simplificação e desburocratização de comércio”, explicou.
Prazeres contou que, dentre os 1% de empresas brasileiras que exportam, somente 14% são lideradas por mulheres, número que atinge 24% quando contabilizadas somente as de pequeno porte. Frente a isso, o MDIC criou o Elas Exportam, um programa de mentoria em que mulheres que já atuam no comércio exterior podem ajudar como mentoras de outras que ainda pretendem adentrar nesse meio, com o objetivo de diversificar a presença brasileira nesse mercado.
“Lançamos um programa de mentoria no comércio exterior para mulheres. Se chama Elas Exportam e a ideia é fazer com que mulheres que já atuam no comércio exterior — seja porque lideram empresas que exportam ou porque atuam em áreas de comércio exterior dentro das exportadoras — sejam mentoras, atuem como mentoras de empresas lideradas por mulheres que ainda não conhecem o Caminho das Pedras. Ou seja, qual é a experiência, quais as ferramentas, quais as dificuldades, como superá-las etc. e nós ficamos muito surpresos com um interesse muito grande, tanto para que mulheres atuem como mentoras como para que atuem como mentoradas. Esse é um desafio que nós abraçamos com gosto”, defendeu.
*Estagiário sob supervisão de Talita de Souza