Ignorando o menor patamar da história da taxa Selic, o juro cobrado no cheque especial voltou a subir em maio. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que os clientes que usam o limite disponível na conta pagaram, na média, 167,8% ao ano. Em abril, eram 166,3%. Essa foi a única operação para as pessoas físicas (PF) em que o juro subiu em maio.
A taxa cobrada pelos bancos no cheque especial é mais de três vezes superior à praticada no crédito pessoal, cujo juro ficou em 46,6%, e quase seis vezes maior que o financiamento de veículos, de 29,2%. Na média de todos os financiamentos para PF, a taxa média caiu de 38,6% em abril para 37,9% em maio. Em 15 de junho, havia recuado ainda mais, para 37,1%.
Nas operações para as pessoas jurídicas (PJ), o juro subiu apenas em uma linha de crédito: a chamada conta garantida, uma espécie de cheque especial das empresas, cuja taxa passou de 76,4% para 83% ao ano. No conjunto de todos os empréstimos desse segmento, o juro médio recuou para 28,5% em maio e 27,7 em 15 de junho%.
A alta dos juros no cheque especial de PF e empresas é explicada pelo aumento do spread bancário dessas operações - diferença entre o juro pago pelo banco a quem aplica dinheiro na instituição e a taxa cobrada de quem toma o empréstimo.
No cheque especial, o spread aumentou 2,1 pontos ante abril, para 158,4 pontos. É a maior margem cobrada entre as operações de crédito acompanhadas pelo BC. O valor é mais de quatro vezes maior que o do crédito pessoal. O comportamento do spread do cheque especial contrasta com o restante do mercado. Na média, a margem cobrada pelos bancos nos empréstimos para as famílias caiu 1,1 ponto, para 37,4 pontos, no final de maio, e para 36,8 pontos em 15 de junho.
Nas operações para empresas, houve aumento porque os bancos têm elevado a oferta de crédito para as pequenas e médias empresas, clientes que têm maior risco. Na média, a margem da PJ cresceu 0,4 ponto e alcançou 18,7 pontos. Mas em meados de junho teria retornado a 18,3 pontos, segundo o BC.