As mudanças na tributação da poupança, anunciada pelo governo na quarta-feira, podem ter um efeito positivo na oferta de crédito. De acordo com Rogério Oliveira, diretor de Pesquisa Quantitativa para Mercados Emergentes do Barclays Capital, as alterações removeram os obstáculos à redução da Selic e, dessa forma, permitiram que as taxas de juros negociadas nos mercados futuros recuem ainda mais.
"Essa queda é repassada diretamente para a economia, por meio da redução dos juros bancários, melhorando o crédito. Nesse sentido, a medida foi positiva", afirma Oliveira.
Esse mecanismo de repasse ocorre porque os bancos, quando precificam o crédito, não se baseiam na taxa de curto prazo, mas sim nas expectativas do mercado futuro que negocia contratos na BM&F Bovespa. Assim, para um financiamento de veículos, por exemplo, de três anos, a instituição financeira olha os contratos de DI com vencimento em 2012.
Havia, no entanto, uma incerteza com relação à postura do governo em impedir que a poupança ficasse mais atrativa que os fundos de renda fixa. Por conta disso, os juros mais longos mantinham um inclinação importante em relação aos contratos mais curtos, da ordem de 150 pontos base. Segundo Oliveira, essa diferença deve recuar para 100 pontos, "ou um pouco mais".
"A tendência é que a taxa caia", disse. Oliveira espera que nas duas próximas reuniões do Copom, do Banco Central, a Selic seja reduzida em mais 0,75 ponto e 0,5 ponto, respectivamente, derrubando a taxa para 9% ao ano.