O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 1,5 ponto porcentual. Com isso, o juro básico foi para 11,25% ao ano, o menor patamar da história, ainda que já tenha sido verificado em setembro de 2007.
A decisão dos membros do Comitê foi unânime e não inclui viés - mudança de juro antes da próxima reunião do Copom. De acordo com comunicado divulgado ao final da reunião, o Copom "acompanhará as perspectivas para a inflação até a próxima reunião em abril".
O mercado já considerava um corte de 1,5 ponto como projeção conservadora. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado, que caiu 3,6%, mais do que o esperado, aumentou a expectativa de uma redução significativa dos juros.
Nesta quarta, favoreceu este movimento a deflação de 0,45% do Índice Geral dos Preços de Mercado (IGP-M) na primeira prévia do mês, pior do que a mediana das previsões dos analistas (-0,13%) e inversa ao resultado positivo de 0,42% de igual prévia em fevereiro.
O índice endossou a percepção de que a inflação não representa empecilho para o afrouxamento da política monetária, embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, de 0,55%, tenha acelerado em relação a janeiro (0,48%), mas não surpreendeu porque veio em linha com a mediana da pesquisa AE Projeções.
Antes da decisão do Copom, de um grupo de 60 instituições consultadas, 13 mantiveram-se com a estimativa de corte de 1 ponto porcentual e algumas (três casas) arriscaram aposta mais agressiva, de 2 ponto porcentual. A maioria das previsões, no entanto, estava concentrada na redução de 1,5 ponto porcentual. Tem ainda três instituições que cederam aos fatos e elevaram as apostas, mas com menos intensidade, para 1,25 ponto.
A reação ao Copom deve dominar o mercado amanhã e pode ser potencializada pelo anúncio do Sinalizador da Produção Industrial (SPI) de São Paulo, da FGV, referente a fevereiro. Ainda, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga, às 15 horas, o resultado de uma Consulta Empresarial sobre os efeitos da crise econômica sobre a indústria brasileira.