A taxa de câmbio compensou, com folga, a queda de preço recente das exportações brasileiras. Essa é a conclusão de um estudo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). O trabalho mostra que, apesar da derrocada de preços do final de 2008, especialmente das commodities, a rentabilidade média das exportações cresceu 23,2% no ano passado.
– A desvalorização do câmbio superou a queda de preços – resume Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex.
Ribeiro explica que, no último quadrimestre do ano passado, o índice de preço caiu 19% frente a agosto – pico histórico no quesito – ao passo que o câmbio médio valorizou 42% no mesmo período.
– Para efeito de comparação, a rentabilidade voltou aos níveis de 2004, época em que todo mundo dizia que o câmbio era extremamente favorável às exportações – afirma Ribeiro.
O economista informa que o índice de rentabilidade das vendas externas – que combina câmbio e preço de exportação – acelerou a partir de setembro, justamente com a desvalorização do real. Isoladamente, a rentabilidade de dezembro foi 9,7% superior à de julho, quando surgiram os primeiros indícios de crise nos Estados Unidos.
No cômputo de todo o ano de 2008, os preços de exportação aumentaram 26,3%, o que mostra que a desaceleração de 19% de agosto a dezembro foi mesmo muito forte.
– Na ponta, os preços estão em queda livre – comenta.
O baque foi ainda maior entre os produtos básicos, cujos preços encolheram 29% a partir de agosto.
– Em termos absolutos, entretanto, os básicos encerraram o ano com preços mais altos que os de dezembro de 2007. Teve uma bolha que puxou as cotações para níveis absolutamente altos e ela estourou com a crise – analisa Ribeiro.
Entre os industrializados, a redução, desde agosto, foi de 8%.
– Apesar de moderada, é uma queda expressiva porque ocorreu em um intervalo curto de tempo – diz o economista.
Segundo a Funcex, pela primeira vez em 13 anos, o quantum de exportação fechou um ano no negativo. A redução de 2,5% foi puxada pelo último trimestre de 2008, que registrou retração de 8,7%.