Patrícia Büll
Afif Domingos.Se até agora a confiança do consumidor não foi abalada por conta da certeza de manutenção do emprego, isso não deve ocorrer a partir de agora. De acordo com o resultado da Sondagem da Indústria de Transformação, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em dezembro, dos 1.086 empresários ouvidos, 32,5% afirmam que a previsão é empregar menos do que em 2008. Apenas 15,5% acreditam que irão gerar mais vagas do que no ano passado. Preocupados com a manutenção do emprego neste que promete ser um ano difícil para a atividade econômica mundial, com previsão de desaceleração, inclusive nos países emergentes, como o Brasil, o governo anunciou uma série de medidas para tentar conter essa redução. Em entrevista ao Diário do Comércio, o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, fala das ações que o governo paulista colocará em prática, ao longo de 2009, para ajudar na manutenção do emprego.
Mesmo os analistas mais otimistas acreditam que haverá um encolhimento da atividade econômica neste ano, o que poderá afetar a manutenção do emprego. Qual é a expectativa do senhor para o estado de São Paulo?
Eu gostaria que não acontecesse uma desaceleração da atividade, mas os indicadores mostram que a economia brasileira vai partir de um crescimento de 5% ou 6%, em 2008, para algo em torno de 2,5% neste ano. E isso automaticamente trará uma redução do emprego. Nossas ações serão para buscar a manutenção do emprego e da renda. Em primeiro lugar, o governo fará a manutenção dos investimentos públicos. Nós estamos partindo para um investimento muito pesado, de cerca de R$ 20 bilhões
para 2009.
Quais são as outras ações a serem adotadas?
A segunda medida é complementar as anunciadas pelo governo federal em termos de incentivo à indústria automobilística para que não ocorra uma queda do movimento de vendas. Essa é muito importante porque a indústria automobilística tem forte impacto em São Paulo. E, em terceiro lugar, temos as ações que a própria Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho está fazendo em termos de qualificação e requalificação do trabalhador. Serão 60 mil vagas em 2009 disponíveis através do Centro Paula Souza, do Ceset (Centro Superior de Educação Tecnológica da Unicamp), do Senai e do Senac para ajudar a preparar o trabalhador.
Essas seriam as três principais ações?
Isso é o que nos cabe de forma mais imediata. Também teremos o lançamento do Observatório do Emprego, que fará o monitoramento das vagas de emprego em cada município do estado. Esse projeto deve ser lançado em fevereiro e nos dará um quadro real do em prego ou desemprego em todo o estado, para ajudar na formulação de políticas públicas voltada à manutenção do emprego e da renda.
As ações então, serão voltadas para a manutenção do emprego e não para geraçãode novas vagas?
Na verdade, a lógica da manutenção do investimento público é de ser geradora de emprego. Mas neste ano especificamente, deverá ser também compensadora do encolhimento das vagas na iniciativa privada.
Nesse sentido, como o senhor avalia a aprovação da medida que cria o micro empresário individual (MEI), da qual o senhor foi o maior incentivador?
O MEI é uma política pública alternativa para poder abrigar o empreendedorismo que surge nos momentos de crise. Com a vantagem de ser de forma legal, não marginal ou paralela, como ocorre atualmente.
Essa medida então, vem em boa hora?
Sem dúvida, pois é um instrumento de política pública da maior importância para o cidadão. Eu posso dizer que o MEI é um seguro contra a crise.