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Dólar atinge seu maior valor desde 2005

FABRICIO VIEIRA Moeda norte-americana encerra as operações vendida a R$ 2,475, mesmo com as intervenções realizadas pelo BC Alta de ontem foi de 3,5%, o que elevou a apreciação neste ano a 39% saída de recursos e especulação têm pressionado a moeda O Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio. Mas não conseguiu evitar que o dólar saltasse 3,47% ontem, para terminar vendido a R$ 2,475, em sua mais elevada cotação desde junho de 2005. Em um cenário em que a saída de dólares do país tem superado a entrada de recursos, o real não tem conseguido se apreciar, mesmo com as constantes intervenções do Banco Central. A valorização da moeda americana diante do real no mês já está em 6,91%. No ano, a alta chega a 39,28%. Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria, diz que, mais do que um crescimento expressivo na saída de recursos, o país tem atravessado "uma grande falta de entrada" de capital externo. "Tem havido remessas de lucros excessivas devido à crise", diz. Ontem a autoridade monetária divulgou que o fluxo cambial ficou negativo em US$ 7,159 bilhões em novembro, sendo essa a maior saída mensal de recursos do país desde janeiro de 1999, quando a crise cambial levou à maxidesvalorização do real. Se for considerado o patamar do dólar registrado no começo de agosto, quando rondava os R$ 1,55, a divisa americana já se valorizou em quase 60%. Após se ausentar nos dois primeiros dias da semana, o BC realizou três leilões ontem. Dois deles foram para vender dólares, operações que movimentaram, segundo estimativa do mercado, cerca de US$ 350 milhões. O outro leilão foi de recursos destinados ao setor exportador, que girou outros US$ 1,95 bilhão. Até a semana passada, quando o BC fez sua última pesquisa junto às instituições financeiras, a projeção média era de dólar a R$ 2,20 no encerramento do ano. Para o fim de 2009, o mercado projeta dólar a R$ 2,15. Ou seja, se não se espera que a moeda vá disparar rumo aos R$ 3, tampouco se trabalha com a expectativa de a moeda voltar a ser negociada abaixo de R$ 2 tão cedo. No atual cenário, os investidores estrangeiros têm mantido firme suas apostas no dólar apreciado, como apontam suas posições compradas no mercado futuro. Os investidores podem ficar "comprados" ou "vendidos" em dólar. Quem entende que o dólar vai se manter elevado fica "comprado" e lucrará se isso ocorrer. Os que apostam em baixa do dólar ficam "vendidos". Atualmente, os investidores estrangeiros estão pesadamente comprados na BM&F -ou seja, apostam na alta do dólar. As posições compradas dos estrangeiros têm crescido e estão em seu pico: US$ 12,9 bilhões. Há cerca de 40 dias, rondavam os US$ 7 bilhões. Dessa forma, há uma massa de investidores que não tem interesse em ver o real voltar a se apreciar tão cedo. "Está todo mundo comprado e receoso em relação ao futuro", afirma Mário Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora. "O mercado ficou ontem à espera de o BC voltar para ofertar mais dólares no fim das operações. As cotações foram lá em cima, e o BC não apareceu." Para Blanche, seria importante neste momento que o BC desse mais atenção ao setor exportador. O especialista avalia que "deveria haver menos exigências para direcionar recursos à exportação", como tem ocorrido com outros segmentos da economia.